Belo Horizonte tem população de 48 mil animais de rua

Belo Horizonte tem população de 48 mil animais de rua

Belo Horizonte tem população de 48 mil animais de rua

Algumas das principais causas para o abandono, segundo a Polícia Civil, são o latido excessivo dos cães e a alteração na disponibilidade de espaço

Por Juliana Siqueira e Raquel Penaforte 

 

O ativista da causa animal Franklin Oliveira cuida de mais de 60 cachorros e gatos

 

 

Isabela Freitas recolhe animais de rua. Para eliminar o problema do abandono, ela propõe mudanças como a identificação dos cães — Foto: Fred Magno/O TEMPO

Belo Horizonte tinha, no ano passado, uma população de cerca de 48 mil cães e gatos de rua, de acordo com os dados mais atualizados da Prefeitura da capital. Por mais que o poder público e amantes dos bichos os recolham constantemente, os números nunca ‘zeram’, pelo contrário: resgatadores de animais contam que frequentemente são chamados para salvar os bichinhos abandonados, além de se depararem com filhotes despejados em suas portas várias vezes ao ano. Para especialistas, as consequências negativas são várias: além das óbvias para o bem-estar, proteção e para a vida dos animais, trata-se de uma questão de saúde pública, já que bichos sem cuidados nas ruas podem resultar na transmissão de doenças.

A médica veterinária Juliana Masiero afirma que o problema de abandono de animais, infelizmente, sempre existiu, mas foi agravado com a pandemia da Covid-19. Como muitas pessoas estavam se sentindo sozinhas por conta das medidas de distanciamento social, elas resolveram adotar um bichinho para ter companhia. Porém, assim que a vida voltou ao normal, muitas dessas pessoas resolveram deixar na rua quem deu afeto a elas e as livrou da solidão. “Vários animais acabaram ajudando os seres humanos, mas muitos foram abandonados”, diz ela.

Ativista da causa animal, Franklin Oliveira, de 54 anos, já resgatou diversos bichos em tristes condições e que, inclusive, corriam risco de perder a vida. Aos cuidados dele estão mais de 60 cachorros e gatos, que consomem diariamente 17 quilos de ração. Ele, que tem a ajuda de amigos e parceiros para tratar os animais, acredita que o quadro de abandono que se vê atualmente pode ser resumido em poucas palavras: falta de responsabilidade e de amor. Além disso, lembra Oliveira, trata-se de uma crime. A Lei Sansão, de autoria do deputado federal Fred Costa (Patriota), sancionada em 2020, aumentou a pena para maus-tratos aos animais. O crime passou a ser punido com reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição de guarda. Antes, a pena era de três meses a um ano de detenção e multa.

“O amor que tenho pelos animais veio da minha mãe e do meu pai. Comecei a trabalhar em 1980 como voluntário em um abrigo e, desde então, cuido dos animais. Não é fácil: faço mutirão de banho, mutirão de passeio… O que eu digo para as pessoas é que quem puder, ajude os bichos. Não fique só olhando”, diz.

Para ajudar o trabalho de Franklin Oliveira, é possível enviar ração de cães e gatos para a banca de revistas dele na Avenida Brasil, 460, em frente ao Teatro da Maçonaria, em Belo Horizonte. Doações também podem ser feitas pelo Pix 31 99676-0099.