Ao deixar soterrar a investigação do golpe, Lula cede à cúpula militar que envergonha o país

Ao deixar soterrar a investigação do golpe, Lula cede à cúpula militar que envergonha o país

Ao deixar soterrar a investigação do golpe, Lula cede à cúpula militar que envergonha o país

"Presidente, faça um bem ao país. Mantenha essa investigação", defende Mario Vitor Santos

Lula, militares e os atos terroristas bolsonaristas de 8 de janeiro Lula, militares e os atos terroristas bolsonaristas de 8 de janeiro (Foto: ABR)

Ao deixar soterrar a investigação do golpe, Lula cede à cúpula militar que envergonha o país ·

 

Depois de ter instigado o golpe para evitar a posse de Lula, a cúpula das Forças Armadas, em especial o Exército, agora vem se empenhando numa missão : acomodar interesses poderosos, controlar danos e sepultar no  Supremo, no governo e no Congresso as investigações sobre a intentona golpista de 8 de janeiro.

Pelos diversos balões de ensaio que militares e o ministério da Defesa fazem vazar para a mídia,  teria havido um acordo para isentar Exército,  Marinha e Aeronáutica e seus comandantes.

Prepara-se uma farsa estrepitosa em que ninguém vai acreditar e cujas consequências serão trágicas. A imagem das Forças Armadas vai ser ainda mais enlameada junto a diversas áreas da sociedade.

Pantomima, apresentada por perigosos palhaços, é o termo mais suave para descrever o que está em andamento.

Os mais patéticos são o comandante do Exército, Tomás Paiva, e seu ajudante, sim, o ministro da Defesa José Mucio Monteiro.

Estes pensam que a sociedade é formada por néscios incapazes de enxergar o que está escancarado diante de todos. Querem nos fazer crer que são democratas, obedientes às instituições republicanas.

O Exército, por exemplo,  na voz vazada por seu comandante, dá uma lamentável demonstração de covardia ao não investigar, assumir seus erros e admitir as consequências de suas convicções. Ao contrário,  o comandante conspira em encontros sigilosos,  para blindar a participação do Alto Comando na sabotagem à democracia perpetrada por anos em associação com o fascista presidente Jair Bolsonaro.

É uma vergonha a atitude da cúpula militar brasileira. Ela desonra a história, em alguns momentos positiva, do aparato militar responsável pela defesa da pátria. Não há o menor sinal de heroísmo no comportamento do Alto Comando.

Fogem do confronto, ocultam suas convicções, traem a palavra e o juramento, comportam-se como ratos amedrontadas depois de se imiscuírem no processo eleitoral e incentivarem em diversos episódios a conspiração contra a democracia.

Blefadores armados que abrigaram, testemunharam e, de todas as formas ainda a serem apuradas, atiçaram a cólera dos acampados que pediam intervenção militar em área proibida. Comandantes, não se escondam, não debochem da nossa tolerância,  pois o país inteiro viu.

Na hora h, quando o blefe falhou, as cúpulas,  isoladas e desorganizadas, recuaram renegando seus atos e abandonando seguidores. Essa é a cena que dá o grau de sua bisonha insensatez desse grupo, como  comandantes e homens. Que exemplo.Agiram, e agem, ao ocultar a si e a seus atos, como arruaceiros piores do que a chusma que vandalizou os palácios no 8 de janeiro.

Pensam que somos idiotas incapazes de ver o que é tão ostensivo? Agora armou-se a cena da traição. Golpe frustrado, vão deixar os arruaceiros dos palácios enfrentar sozinhos a força da lei. Seguirão com suas artimanhas para seduzir o próprio presidente da República contra quem conspiraram a partir dos quartéis, de norte a sul.

Vão virar as costas, intocáveis, a seus companheiros de luta, aos que acreditaram no apoio prometido. Traçam uma linha de proteção acobertando criminosos,   muitos dentre eles mesmos, em suas fileiras.

E, como Judas, apontam para o outro lado, lançando à fogueira gente como o seu acólito major Mauro Cid, os comandos da Polícia Militar do Distrito Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Têm a ousadia de pôr a culpa no próprio presidente Lula, através de seu Gabinete de Segurança Institucional.

Presidente, faça um bem ao país. Mantenha essa investigação. Puna os envolvidos de qualquer patente. As próximas gerações vão lhe agradecer.

 

Mario Vitor Santos

Mario Vitor Santos

Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha