Grande incerteza no Peru com cinco candidatos empatados a uma semana das eleições presidenciais

Um quarto do eleitorado continua indeciso, segundo as últimas pesquisas, em eleições realizadas no pior momento da segunda onda da pandemia

Grande incerteza no Peru com cinco candidatos empatados a uma semana das eleições presidenciais

Grande incerteza no Peru com cinco candidatos empatados a uma semana das eleições presidenciais

Um quarto do eleitorado continua indeciso, segundo as últimas pesquisas, em eleições realizadas no pior momento da segunda onda da pandemia

Candidatos presidenciais do Peru durante um debate televisivo em 31 de março, em Lima.
Candidatos presidenciais do Peru durante um debate televisivo em 31 de março, em Lima.SEBASTIAN CASTANEDA / REUTERS

 

 

JACQUELINE FOWKS

Lima - 05 ABR 2021 - 15:30 BRT

Cinco dos candidatos às eleições presidenciais que o Peru realizará no próximo domingo dia 11 estão praticamente empatados, com as mesmas probabilidades de ir ao segundo turno, segundo duas pesquisas de intenção de voto divulgadas no domingo. São três direitistas, uma esquerdista e um populista que navega entre duas águas. As eleições, realizadas no pior da segunda onda da pandemia, estão entre as mais disputadas e incertas do Peru. Nenhum dos cinco empatados supera 10% de intenção de voto e 28% dos pesquisados estão indecisos e preferem não revelar suas preferências.

O quinteto empatado para ir ao segundo turno é formado por: o populista Yohny Lescano, que combina propostas de esquerda com outras conservadoras; o economista de direita Hernando de Soto; a ex-congressista de esquerda Verónika Mendoza, a líder do Força Popular, Keiko Fujimori, e o empresário de extrema-direita Rafael López. No total, são 18 postulantes. Em eleições anteriores, o cenário nunca foi tão imprevisível.

“São cinco empatados: há muita incerteza”, diz o psicólogo Hernán Chaparro após a divulgação das pesquisas. O Ipsos Peru realizou uma pesquisa e um simulacro de votação com cédula, e registra a queda do populista Lescano e do ultradireitista López, assim como o aumento da intenção de voto para De Soto, Mendoza e Fujimori. A medição foi feita na quarta-feira 31, de modo que não inclui o clima eleitoral posterior aos três debates televisionados oficiais que acabaram nesse dia.

Na pesquisa, Lescano obtém 10% das preferências, seguido pela candidata esquerdista do Juntos pelo Peru e De Soto com 9%; e depois Fujimori com 8%. Na pesquisa, 25% dos eleitores não confirmam sua preferência, votam branco e nulo. O quinteto na liderança é seguido de perto pelo direitista George Forsyth.

Na pesquisa do Instituto de Estudos Peruanos, realizada após os debates televisionados, Lescano e Mendoza caem nas preferências, e aumentam ligeiramente as porcentagens de Fujimori e De Soto. E o candidato da esquerda radical Pedro Castillo tirou votos de Mendoza e Lescano, segundo Chaparro, pesquisador da Universidade de Lima.

De acordo com o IEP, estão empatados em 9,8% a filha mais velha do autocrata Alberto Fujimori e De Soto, que foi assessor deste chefe de Estado na década de noventa; o ultradireitista López tem 8,4% das preferências; Lescano, 8,2%; e Mendoza, 7,3%. O dirigente magisterial Castillo está nas duas pesquisas com 6,5 % das intenções de voto.

Na pesquisa do IEP, a soma das opções pelo voto branco, nulo e as ausências chega a 28%, e 92% dos consultados expressam que irão votar. No Peru, a multa por abstenção é de 23 dólares (130 reais) e quem não cumprir a obrigação como mesário deve pagar 56 dólares (320 reais). Os valores da sanção variam se o eleitor mora em um distrito qualificado como pobre.

As eleições e o vírus

O Ministério da Saúde registrou na última sexta-feira 294 mortes pela doença―um número semelhante aos mais graves momentos da primeira onda―e 2.571 pessoas infectadas. Desde março de 2020, mais de 1.500.000 pessoas se contaminaram com o novo coronavírus no país. Sobre os mortos na pandemia, o Sistema Nacional de Falecimentos reporta mais de 151.000, enquanto as autoridades sanitárias contabilizam, até sexta, 52.625 falecimentos.

“Podemos dizer que estamos no pior momento da segunda onda pela presença crescente da variante brasileira”, diz Juan Pablo Murillo, médico e professor de saúde pública da Faculdade de medicina de San Fernando, em Lima. O especialista, entretanto, comenta que não notou medo para ir votar pelos indicadores epidemiológicos.

82% dos pesquisados pelo Ipsos Peru indicam que definitivamente irão votar e 8% acham provável, mas 3% dizem que definitivamente não comparecerão. Na pesquisa do IEP, 92% afirmam que votarão e 5% não o farão.

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O antropólogo e analista político Carlos Ernesto Ráez comenta que a maioria das pessoas que irá votar no próximo domingo o faz porque considera que “seu voto conta e para cumprir com o dever cívico”, mas também para evitar pagar a multa. “Não há uma tendência ao absentismo, as pessoas vão apesar do risco de contágio”, afirma.

Ráez acrescenta que o fato de que o Escritório Nacional de Processos Eleitorais, encarregado da logística das eleições, tenha permitido à população escolher um local de votação próximo ao domicílio ajuda a reduzir a possível abstenção. “Isso encoraja as pessoas a votar porque precisam caminhar dois quarteirões, o local está a dez minutos. O risco aumenta para os que não podem fazer sua troca de local e precisam de transporte. É possível que não compareçam os que têm um familiar em grupo de risco e podem pagar a multa”, afirma.

Dos mais de 25 milhões de eleitores peruanos, 997.000 moram e votam no estrangeiro, mas os 117.000 residentes no Chile não poderão participar das eleições pela rígida quarentena imposta na semana passada pelo Governo de Sebastián Piñera.

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