Lula na COP 27: 'para o mundo, Jair Bolsonaro já não existe mais', diz Jamil Chade
Lula na COP 27: 'para o mundo, Jair Bolsonaro já não existe mais', diz Jamil Chade
Para o jornalista, líderes globais agiram estrategicamente para proteger a democracia brasileira. Lula na COP 27 e no Fórum Econômico Mundial é esperança para o mundo
Por Tribuna
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022, em sua 27ª edição, começa oficialmente neste domingo, em Sharm El Sheikh, no Egito. COP é sigla em inglês de Conferência das Partes, em alusão aos 197 países integrantes da ONU que concordam que algo precisa ser feito para conter, entre outras ameaças à existência do planeta, o aquecimento global. Desde 1995 tem, o encontro tem edições anuais (exceto 2020, por causa da pandemia). E neste ano de COP 27, uma das presenças mais esperadas é a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso porque, depois de quatro anos de pânico ambiental, um dos países mais importantes para a causa ambiental está prestes a dar nova esperança ao mundo.
O presidente Jair Bolsonaro, de aviso prévio após a derrota na urnas em 30 de outubro, teria dito à boca pequena que considera a ida de Lula à COP 27 uma usurpação. Pois acha que o futuro empossado vai falar mal do Brasil e de seu governo. Assim como, para seus seguidores de cercadinho, Bolsonaro já disse da líder indígena Txai Suruí por ocasião de sua ida à 26ª cúpula, ano passado. Ela respondeu: “Bolsonaro, eu nunca critiquei o Brasil, eu critiquei você, e eu não estou sozinha”.
Mas não tem porque ficar bravo, pois além de seu governo ter sido um desastre ambiental, ainda inacabado, Bolsonaro já não existe mais para o mundo. É o que afirma o jornalista Jamil Chade, especializado em política externa, durante participação no programa Revista Brasil TVT.
Chade observa que os líderes das grandes democracias do mundo se articularam para inundar as redes com felicitações e reconhecimento do eleito assim que o Tribunal Superior Eleitoral oficializasse a vitória da coligação Brasil da Esperança. O objetivo do mundo todo foi rapidamente proteger o Brasil de qualquer tentativa de golpe ou ruptura democrática.
Por exemplo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se apressou em telefonar e cumprimentar Lula a fim de prevenir o Brasil de um “cenário Trump“. Jamil Chade se refere ao episódio da tentativa de golpe com a invasão do Capitólio por trumpistas.
No dia seguinte à vitória, o convite imediato do governo do Egito a Lula para a COP 27 e sua aceitação imediata sinalizaram para uma nova política ambiental. “Por isso os convites começaram a brotar de todos os lados. Um deles, o do Fórum Econômico Mundial, em janeiro, com Lula já empossado. “Estão ali todos os donos das maiores multinacionais do mundo e os donos das finanças. E também os principais líderes mundiais para que Lula apresente seu plano de governo ao mundo. Ou seja, com tudo acontecendo, para o mundo, Jair Bolsonaro já não existe.”
“Esperamos liderança política”, disse a Chade o secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell. Desse modo, a organização da conferência admite que o movimento global contra as mudanças climáticas estaria sem comando. Para ele, mais do que uma nova narrativa, uma nova política ambiental em um país com a importância do Brasil, pode representar uma esperada nova liderança na ação global diante do aquecimento. “Então, a derrota para a extrema direita no Brasil é também uma derrota para a extrema direita no mundo. A Amazônia faz parte do centro do debate mundial. E também a defesa democracia”, avalia o jornalista.