Criatividade e dependência na periferia

Criatividade e dependência da civilização industrial (1978) […] é uma obra […] surgida da necessidade de refletir e buscar respostas para o problema do desenvolvimento em economias periféricas.

Criatividade e dependência na periferia

Criatividade e dependência na periferia

Publicado porIso SendaczPublicado emSem categoriaTags:

Celso Furtado, por Rubens R. Sawaya

in Pensamento Nacional-desenvolvimentista, cap. 27

Criatividade e dependência da civilização industrial (1978) […] é uma obra […] surgida da necessidade de refletir e buscar respostas para o problema do desenvolvimento em economias periféricas.

Rubens resume a definição furtadiana de civilização industrial, em que a periferia latino-americana penetrou de forma indireta e subordinada: “é o resultado de uma transformação social que subordina a força física e a capacidade intelectual, criativa, à lógica de acumulação de riqueza”.

Se, de um lado, a industrialização teve sucesso no Brasil, substituindo o modelo agrário-exportador, a dependência do centro não foi rompida, antes o contrário, aumentou. Como consequência, mesmo recebendo técnicas mais sofisticadas e contribuindo para a acumulação exógena, o padrão de consumo não se elevou significativamente no país e seus vizinhos.

Sem o Estado como mediador da distribuição de riqueza e renda entre o capital e o trabalho, o padrão de consumo permanece baixo para quem produz, observa Furtado. O economista via no Japão e na ex-URSS traços comuns de ação estatal observados nas grandes corporações, uma ideologia modernizante comum e uma atividade calcada na racionalidade e controle social.

A estratégia dominante previa Poder que controle a tecnologia, as finanças, o mercado, o acesso às fontes de recursos não-renováveis e à mão-de-obra barata. “A luta contra a dependência não é outra coisa senão um esforço dos países periféricos para modificar essa estrutura”, apontava Furtado.

Sawaya recorre a Nietzche para explicar a síntese do caminho furtadiano – a organização social que liberte a criatividade represada pelo processo de acumulação de capital: “o Homem nasceu para ser livre”.

Rubens Rogério Sawaya é economista e cientista político e, além de estudioso da obra de Furtado, é autor, entre outros, de Subordinação Consentida, O Plano Real e a Política Econômica e Economia Brasileira – Crise e Estagnação.