MANCHETES DE DOMINGO, notícias comentadas

Notícias comentadas dos maiores jornais do país.

MANCHETES DE DOMINGO, notícias comentadas

MANCHETES DE DOMINGO, notícias comentadas

 

Edição – Chico Bruno

Manchetes

FOLHA DE S.PAULO – Família Bolsonaro costura rede de proteção na Justiça

CORREIO BRAZILIENSE – Primeiro lote da Pfizer deve chegar ao DF na quinta

O ESTADO DE S.PAULO – Falhas na segurança tornam o Brasil alvo fácil para hackers

O GLOBO – Pazuello será preparado pelo Planalto para enfrentar CPI

Resumo das manchetes

A Folha revela em sua manchete que sob a mira de investigações na esfera jurídica, a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem emplacado aliados em tribunais estaduais e se aproximado de magistrados de cortes superiores em uma tentativa de montar uma rede de proteção. O esforço conta com a atuação de advogados aliados, que ajudam a família em uma interlocução com juízes e ministros, e costuma ser capitaneado pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que tem influenciado nomeações feitas pelo presidente. O grupo de advogados e magistrados que tem mantido uma relação estreita com a família presidencial foi apelidado por congressistas governistas e auxiliares palacianos de "bancada jurídica bolsonarista". Para deputados aliados, eles terão papel crucial na escolha do presidente para a próxima vaga que será aberta em julho no STF (Supremo Tribunal Federal), com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. O roteiro deve ser parecido com escolha do juiz federal Kassio Nunes Marques para o Supremo, feita em setembro, que teve como madrinha, segundo aliados do presidente, a juíza federal Maria do Carmo Cardoso, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). Amiga de Flávio, ela é chamada pela família do presidente de "tia Carminha". O contato com o grupo de advogados é liderado por Flávio. O filho do presidente responde por acusações de lavagem de dinheiro e organização criminosa por um esquema de rachadinha que teria implementado em seu gabinete quando era deputado estadual no Rio de Janeiro. A manchete do Correio anuncia que além da AstraZeneca e da Sinovac, o Ministério da Saúde entregará à Secretaria da Saúde lotes da Pfizer, em quantidade ainda não definida. Com isso, o governo do Distrito Federal pretende imunizar a faixa etária de 60 e 61 anos. A manchete de O Globo revela que preocupado com os estragos que CPI da Covid pode causar ao governo Bolsonaro, a Casa Civil montou um comitê interministerial para vasculhar documentos, construir argumentos e treinar depoentes. O principal deles será o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e um dos alvos centrais da investigação. O Planalto teme que Pazuello se desestabilize diante dos parlamentares. O ex-presidente José Sarney também foi acionado para tentar conter o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI. A manchete do Estadão revela que os seguidos vazamentos de dados de brasileiros mostraram que o País é um campo fértil para a ação de cibercriminosos. Em análise para o Estadão, a empresa de cibersegurança Syhunt concluiu que a administração pública brasileira foi a quarta mais afetada em um vazamento global de 3,2 bilhões de senhas de e-mail ocorrido em fevereiro – ficou atrás apenas de EUA, Reino Unido e Austrália, numa lista de ao menos 50 países. 

Notícia do dia – Alguns dos médicos e cientistas mais renomados do País figuram ao lado de políticos na lista preliminar de trabalho da CPI da Covid no Senado. A expectativa é de que, se convidados, nomes como Natália Pasternak, Átila Iamarino, Margareth Dalcolmo e Miguel Nicolelis reforcem os alertas dados pela classe científica brasileira ao longo da pandemia sobre a necessidade de se usar máscara, de se impor isolamento social e, especialmente, de se investir em vacinas, e não em tratamentos sem eficácia comprovada. Com trabalhos reconhecidos no meio médico, os quatro são unânimes nas críticas ao governo federal. Todos já declararam que faltaram liderança e planejamento nacional para reduzir a transmissão e mortes pelo novo coronavírus. Pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth foi uma das pioneiras no atendimento a doentes de covid-19 no Brasil. Diretamente envolvida na produção de vacinas, ela responsabiliza a diplomacia brasileira pela demora na chegada dos insumos necessários à produção das vacinas. Esse atraso e a responsabilidade do então chanceler Ernesto Araújo nesse processo serão investigados pelos senadores na CPI. “A absoluta incompetência diplomática do Brasil não permite que cada um dos senhores aqui presentes e aqueles que vocês amam estejam amanhã ou nos próximos meses recebendo a única solução que há para uma doença como a covid-19”, disse Margareth em janeiro. Doutor em Microbiologia e dono de um canal no YouTube sobre ciência com mais de 3 milhões de inscritos, Átila Iamarino é um crítico do uso da cloroquina e demais medicamentos que compõem o “kit covid”. “Tem bastante o que investigar”, afirmou, sobre a CPI. A bióloga Natália Pasternak já afirmou que negar a realidade virou a principal, se não a única, estratégia do governo. “Bolsonaro receita remédio que não funciona e faz estoque de cloroquina, num claro desperdício de dinheiro público. Não usa máscara e reafirma que evitar aglomerações não faz diferença para impedir o contágio.” Professor titular da Universidade de Duke, nos EUA, Nicolelis disse entrevista ao blog Inconsciente Coletivo, do Estadão, em março, que o Brasil é hoje uma “ameaça global”. Sobre a CPI, afirmou que está à disposição para dar sua contribuição e cumprir um “dever cívico”.

Notícias de primeiras páginas

Biden reconhece massacre de armênios como genocídio e irrita Turquia - O presidente Joe Biden afirmou, neste sábado (24), que o massacre de cerca de 1,5 milhão de armênios pelo antigo Império Otomano (que deu lugar à atual Turquia) em 1915 constitui um genocídio. "O povo americano homenageia todos os armênios que morreram no genocídio que começou neste dia, 106 anos atrás", disse Biden em um comunicado. “Ao longo das décadas, os imigrantes armênios enriqueceram os Estados Unidos de inúmeras maneiras, mas nunca se esqueceram de sua história trágica", continuou o presidente. "Honramos sua história. Vemos essa dor. Afirmamos a história. Fazemos isso não para culpar, mas para garantir que o que aconteceu nunca se repita." A decisão no dia em que se recorda o 106º aniversário do genocídio tem enorme peso simbólico, já que Biden é o primeiro líder americano a se posicionar pelo reconhecimento. Seus antecessores não desejavam criar desconfortos com a Turquia, parceira estratégica na Otan (aliança militar do Ocidente). A reação turca foi rápida. Pouco após a afirmação de Biden, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, escreveu em uma publicação no Twitter que rejeita a declaração, baseada, segundo ele, no populismo. "Não temos nada a aprender com ninguém em nosso passado. O oportunismo político é a maior traição à paz e à justiça." A chancelaria turca afirmou ter convocado o embaixador dos Estados Unidos em Ancara, David Satterfield, para demonstrar sua insatisfação com a declaração de Biden. "Esta declaração dos EUA, que distorce os fatos históricos, nunca será aceita na consciência do povo turco e abrirá uma ferida profunda que mina nossa confiança mútua e amizade", declarou a diplomacia turca, por meio de um comunicado.

Vacina própria da Fiocruz contra Covid não tem cronograma, contrato nem plano B para atraso - A produção da vacina totalmente nacional pela Fiocruz está sem cronograma de entrega nem contrato de transferência de tecnologia com o laboratório AstraZeneca assinado e carece de aprovação da planta industrial pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Tampouco há plano de ação para o caso de atrasos, segundo informou a instituição ao TCU (Tribunal de Contas da União), em documento obtido pela Folha, em 24 de março, no processo em que acompanha a condução da pandemia pelo Ministério da Saúde. Ao tribunal a Fiocruz respondeu que as medidas “ainda estão sendo desenhadas”. “O plano de gerenciamento de riscos está em fase de elaboração e sua primeira versão será emitida após a assinatura do contrato prevendo a transferência de tecnologia do IFA [ingrediente farmacêutico ativo]." O contrato de transferência de tecnologia com o laboratório AstraZeneca deveria ter sido assinado no ano passado, mas foi adiado para fevereiro, depois abril e maio. Agora, está sem previsão, disse a Fiocruz à Folha na terça-feira (20). Todos esses fatores são necessários para que a instituição comece a fabricação do IFA nacional no Instituto de tecnologia em imunobiológicos (BioManguinhos). A instituição disse ao TCU que a expectativa é que a planta industrial seja liberada ainda neste mês, possibilitando a produção dos primeiros lotes experimentais a partir de maio. Nesse cenário, a previsão de produção e entrega das primeiras doses da vacina com o IFA produzido totalmente em BioManguinhos é que ocorra no segundo semestre de 2021. “Essa projeção impossibilita a definição de um cronograma mais detalhado de entrega da vacina. Vale ressaltar que as doses produzidas somente poderão ser distribuídas após o deferimento de todo o processo de registro junto à Anvisa”, disse a Fiocruz. “Uma previsão mais precisa só será possível após o início das operações.”

Horta gigante complementa refeição de 800 famílias em favela do Rio - Ezequiel Dias, 44, coloca meia dúzia de trouxinhas de coentro, maços de cebolinha e outros temperos no carrinho de mão e sai pelas vielas de Manguinhos anunciando a promoção. É grátis, um oferecimento da enorme horta comunitária que corta parte do bairro. A longa faixa verde encravada no mar de casas cinzas ocupa um território equivalente a quatro campos oficiais de futebol, rendendo duas toneladas de comida por mês e o título de maior plantação urbana desse tipo da América Latina. No último ano, quase tudo que sai dali tem ido para as cozinhas da comunidade, complementando as refeições de cerca de 800 famílias que atravessam a onda de desemprego gerada pela pandemia. É a celebrada horta de Manguinhos, favela na zona norte do Rio de Janeiro que fica ao lado da fábrica de Bio-Manguinhos, onde a Fiocruz produz uma das vacinas contra o coronavírus que estão sendo distribuídas pelo país. Foi no quintal da fundação que Ezequiel aprendeu a ser jardineiro. Trabalhou ali por 15 anos antes de ficar desempregado por outros 5. Agora, ele coordena a plantação comunitária. Antes, o terreno abrigava uma grande cracolândia onde circulavam cerca de 200 a 300 usuários de drogas, contam os moradores. Ratos, baratas e tapurus —larvas que entram na pele— eram outros habitantes do lixão. Hoje, no local, há crianças brincando. A horta foi criada em 2013, após a chegada da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), mas faz parte de um programa municipal que já existe desde 2006, na gestão do ex-prefeito Cesar Maia (DEM): o Hortas Cariocas, que tem como foco a segurança alimentar. No ano passado, a ONU incluiu o projeto na lista de ações consideradas essenciais para alcançar os seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. São 49 plantações espalhadas pela cidade, 25 em escolas e 24 em comunidades, somando 3.720 canteiros, 24 hectares e mais de 80 toneladas colhidas por ano.

"Vacinar e preservar vidas são nossas prioridades" - A quatro dias de completar um mês no cargo, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, considera cumprida a sua primeira missão, o acordo que garantiu a sanção do Orçamento de 2021. "O ano mais apertado em termos fiscais das últimas décadas", diz a ministra em sua primeira entrevista nesses 26 dias no cargo. Agora, ela se prepara para, novamente, tentar assegurar o diálogo crucial para o governo atravessar a pandemia, a CPI da Covid, e tentar recuperar a economia. "O maior desafio do governo e do país é ampliar a vacinação e preservar vidas. A pandemia é a maior crise depois da Segunda Guerra Mundial", afirma. O fato de ser representante do Parlamento, não significa que vá aceitar tudo o que vier do Congresso em termos de pedidos de liberação de recursos, especialmente, se representar um aumento do crescimento da dívida. "Se formos capazes de sinalizar para o mercado uma diminuição do crescimento da dívida pública, teremos mais investimentos e uma retomada mais rápida da atividade econômica", prevê.  Como única mulher num ambiente tão masculino quanto é hoje o Planalto, ela garante que tem feito seu papel de garantir o diálogo: "Quero construir pontes, não gosto de muros". No entender dela, não há espaços para processos de impeachment, pois o país não suporta mais rupturas. “Há um calendário eleitoral. Vamos seguir nessa direção”, diz. Sobre seu futuro político, ela diz que tudo será decidido na hora certa

Saiba o que pensa o presidenciável Luciano Huck - O apresentador Luciano Huck sinalizou sua intenção de participar da eleição presidencial de 2022 ao assinar, com outros cinco presidenciáveis, um manifesto pró-democracia publicado em março. Apesar das articulações nos bastidores, as ideias e propostas dele não estão claramente expostas. Huck tem participado nos últimos meses de debates virtuais e entrevistas sobre temas específicos, como as consequências da pandemia e a crise ambiental, mas responde de maneira genérica ou desconversa quando é confrontado com perguntas sobre candidatura e diálogo com líderes partidários. A Folha pede uma entrevista ao apresentador da TV Globo desde o início de março, sem sucesso. A última vez em que ele foi interpelado diretamente pelo jornal sobre assuntos do noticiário e suas pretensões políticas foi em abril de 2019. Depois disso, Huck se manifestou na Folha por meio de artigos. O apresentador não concedeu entrevistas sobre seus planos e movimentações, por exemplo, após a revelação, em novembro de 2020, de que ele se encontrou com o ex-juiz Sergio Moro para negociar uma possível aliança eleitoral para 2022. De lá para cá, as articulações de Huck e de legendas interessadas em apoiar uma eventual campanha dele se intensificaram, sem que ele respondesse em público sobre sua eventual plataforma de governo ou obstáculos como sua inexperiência política e pouca familiaridade com as engrenagens de Brasília. São desconhecidas, também, suas opiniões sobre um eventual impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido), presidente que ele poupou de críticas no início do mandato e ao qual hoje faz oposição.

Fenômeno dos anos Lula, classe C afunda aos milhões - Maior novidade da paisagem econômica brasileira no início deste século, a chamada classe C está sendo empurrada rapidamente de volta às classes D e E. Ou, o que é pior, indo direto para a miséria pelas consequências da Covid-19 e da desorganização das políticas de mitigação da pandemia do governo Jair Bolsonaro (sem partido). Pesquisas de diferentes órgãos revelam não só que dezenas de milhões de brasileiros retrocedem a situações mais precárias desde o ano passado mas que suas vidas podem continuar piorando em 2021. Enquanto classes mais favorecidas começam a estabilizar a renda ou a obter ganhos, as classes D e E —cada vez mais numerosas— devem amargar nova queda de quase 15% em seus rendimentos neste ano. Isso não só aumentará a desigualdade social brasileira, mas retardará a recuperação econômica. Mais pobre, a gigantesca população de baixa renda consumirá menos, exigindo menos investimentos e contratações de novos empregados pelo setor produtivo. Com a paralisação de muitas atividades em 2020 e a interrupção do auxílio emergencial em dezembro —só retomado em abril, com valores bem menores—, milhões de brasileiros estão despencando diretamente da classe C para a miséria. Em 2019, antes da pandemia, o Brasil tinha cerca de 24 milhões de pessoas na pobreza extrema, ou 11% da população, vivendo com menos de R$ 246 ao mês. Agora, são 35 milhões, ou 16% do total, segundo a FGV Social com base nas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios Contínua e Covid-19. Entre esses novos participantes da pobreza extrema, muitos não se encaixam no clássico perfil do miserável brasileiro —oriundo de famílias muito pobres, desestruturadas e de baixíssima escolaridade.

Morre o político Levy Fidelix, 69, conhecido como o pai do aerotrem - Conhecido como o pai do aerotrem, Levy Fidelix morreu na noite desta sexta-feira (23), aos 69 anos, em São Paulo. A informação foi confirmada no início da madrugada deste sábado (24) pela direção do PRTB, partido fundado e presidido por Fidelix. "Nosso eterno líder deixa como legado o dinamismo, o bom combate, a criatividade, a honradez, a lisura em suas ações e a fé inabalável, que nortearam sua vida pública e privada", diz o comunicado do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro. Fidelix estava internado em um hospital particular de São Paulo e a causa da morte não foi informada oficialmente. Ele deixa a esposa e uma filha. Político, empresário, jornalista e publicitário, José Levy Fidelix da Cruz ficou conhecido por ser o autor do projeto do trem-bala que ligaria Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro.

Dom João 6º deixava o Brasil há 200 anos, com legados de PM, BB e hábito de ir à praia - João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança, o dom João 6º, tinha as tropas napoleônicas em seus calcanhares quando decidiu se mudar para o Brasil. Chegou em 1808 e ficou 13 anos na ex-colônia que, durante essa temporada, promoveria a Reino Unido de Portugal. Esta segunda-feira (26) marca o bicentenário de sua partida do território que um ano depois, sob rédea de seu filho dom Pedro 1º e com sua complacência, declararia independência da coroa portuguesa. Se o imaginário popular guardou a imagem de um glutão que escondia pedaços de frango no bolso e tinha pavor a banho, a passagem de dom João pelo Rio de Janeiro alavancou um projeto ainda imberbe de nação e, de quebra, deu um banho de loja na nova sede da corte real. Vêm do que historiadores chamam de período joanino instituições até hoje centrais no país, como a Polícia Militar e o Banco do Brasil. O primeiro jornal impresso no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro, também é obra de dom João, que instituiu a Imprensa Régia no ano em que se mudou para as Américas. Dom João leva crédito até por popularizar o carioquíssimo hábito de ir à praia. "Embora tenha sido retratado por historiadores anti-monarquistas do início do século 20 como uma figura grotesca, dom João é hoje considerado o mentor do Estado brasileiro", diz a historiadora Mary Del Priore, com farta obra sobre o passado nacional. "Além de ter enganado Napoleão com sua partida abrupta, ele elevou o Brasil a Reino Unido e era considerado hábil político."

CPI da Covid quer investigar CFM e planos de saúde por propagação de 'tratamento precoce' - Além do foco nas ações do Ministério da Saúde, a CPI da Covid deverá ampliar o escopo de investigação para outros atores que tiveram papel no combate à pandemia do novo coronavírus. A comissão terá sua primeira reunião na terça-feira (27), quando serão escolhidos o presidente, vice-presidente e relator. Os membros podem também iniciar a discussão do plano de trabalho. O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que pretende apresentar requerimentos para ouvir membros do CFM (Conselho Federal de Medicina) e de planos de saúde na comissão. O objetivo é investigar o papel desses órgãos na propagação do chamado "tratamento precoce". Na visão do senador, o CFM incentivou o uso de medicamentos sem eficácia comprovada a partir do momento em que deixou o médico tomar a própria decisão. O CFM ofereceu informalmente uma das bases científicas para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) continuasse a difundir e defender a administração de hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. O conselho emitiu no ano passado um parecer no qual deixa para os médicos, em concordância com os pacientes, a decisão de usar o medicamento de maneira "off label", fora do que está prescrito em sua bula. A emissão do parecer chegou a ser citada por Bolsonaro. Médicos e entidades científicas e médicas passaram a condenar o posicionamento do CFM, por não repreender uma posição que contraria o conhecimento científico. Já alguns planos de saúde estão na mira do senador por denúncias de que houve empresas que enviaram medicamentos sem eficácia comprovada aos clientes. Costa lembrou de denúncias que saíram na imprensa a respeito de planos de saúde propagando "kits Covid-19".

Projeto social de Michelle gasta mais do distribui - Lançado há quase dois anos, o programa Pátria Voluntária segue firme nas redes sociais da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que coordena a iniciativa. No mundo real, porém, o programa praticamente não recebe novas doações desde julho do ano passado. Dados do próprio governo mostram que o Pátria Voluntária gastou até agora mais com propaganda do que destinou em doações. Até março deste ano, o governo empregou R$ 9,3 milhões para divulgar o Pátria. Foram R$ 9,039 milhões em publicidade e mais R$ 359 mil para manter no ar o site do programa. Já as doações feitas por empresas privadas e pessoas físicas que o programa repassou às entidades que atendem pessoas carentes estão em R$ 5,89 milhões. A maior parte foi transformada em cestas básicas. O programa parou no momento em que mais da metade dos domicílios brasileiros enfrentam algum grau de insegurança alimentar em consequência da pandemia da covid-19. Os recursos arrecadados são depositados numa conta gerida pela Fundação Banco do Brasil e destinados a entidades parceiras. Já o dinheiro usado na publicidade do programa é público: são verbas do Orçamento da Secretaria de Comunicação, arrecadadas por meio de impostos. No total, 15 dos 23 ministros participam do conselho que define, por meio de chamamento público, as entidades que irão receber as doações. As atas das reuniões mostram, contudo, que eles costumam enviar assessores para representá-los. Desde maio de 2020, o colegiado só se reuniu três vezes. A última foi no dia 23 de fevereiro, diz a Casa Civil. Na terça-feira passada, Michelle Bolsonaro visitou três cidades do interior de São Paulo para promover o programa. Ela esteve em Presidente Prudente, Araçatuba e São José do Rio Preto, acompanhada da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e do secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia. O trio visitou instituições de caridade e distribuiu “cerca de sete mil cestas de alimentos” para as instituições. A ação também rendeu mais de 120 mil visualizações em um vídeo postado por Michelle no Instagram, com fotos da viagem. No dia 1.º de abril, em outra postagem no Instagram, Michelle aparece doando ovos de Páscoa a um projeto social para crianças no Recanto da Emas, cidade da periferia de Brasília. As fotos renderam 74,5 mil “curtidas” para a primeira-dama. Apesar do ritmo das postagens de Michelle, as doações financeiras para o Pátria parecem estar praticamente paradas: um balanço de julho de 2020 menciona R$ 10,8 milhões levantados pelo “Arrecadação Solidária”, um dos braços do Pátria. Oito meses depois, o site da iniciativa da primeira-dama mostra R$ 10,9 milhões recolhidos em doações. Segundo informou a Casa Civil, responsável pela gestão do Pátria no dia a dia, este é o montante arrecadado até 29 de março deste ano. Desse total, apenas R$ 5,8 milhões já foram executados, segundo divulga o governo. Entre os doadores originais do projeto de Michelle estão a Via Varejo (por meio da Fundação Casas Bahia); a rede Carrefour; o frigorífico Marfrig; as multinacionais Unilever e Bayer; e a rede de estúdios de depilação Espaço Laser, a maior do tipo no Brasil e da qual a apresentadora Xuxa Meneghel detém 50%. Em pelo menos um caso – a Via Varejo – as contribuições foram pontuais e não há previsão de novas doações para o “Arrecadação Solidária”, segundo apurou o Estadão.

Governadores reagem a Bolsonaro - Horas depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar em entrevista, na última sexta-feira, 23, que as Forças Armadas podem ir às ruas para, segundo ele, “acabar com essa covardia de toque de recolher”, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reagiu afirmando que “a postura demonstra mais uma vez o quanto Bolsonaro tem devoção pelo autoritarismo e alergia à democracia”. Um dos alvos principais de Bolsonaro, o governador paulista reafirmou o papel dos governadores e prefeitos no combate à pandemia de covid-19, em contraste com Bolsonaro. “Ele (o presidente) selou um pacto com a morte que só não é maior no Brasil por conta da ação de governadores e prefeitos”.  Na entrevista em que ameaçou as autoridades que enfrentam a pandemia com ações mais duras de distanciamento, Bolsonaro voltou a criticar as medidas de restrição adotadas pelos governadores para conter o coronavírus e a defender o uso da cloroquina, remédio ineficaz contra a covid-19. Outro governador que reagiu a Bolsonaro foi o do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Bolsonaro insiste em afrontar o Supremo, que já decidiu que as três esferas de governo podem e devem atuar contra o coronavírus. E também reitera essa absurda ameaça de intervenção militar contra os Estados, que não existe na Constituição.” A entrevista de Bolsonaro foi concedida ao programa Alerta Especial, da TV A Crítica, do Amazonas, apresentado por Sikêra Jr. “Se tivermos problemas, nós temos um plano de como entrar em campo. E eu tenho falado: eu sou o chefe supremo das Forças Armadas”, disse Bolsonaro. Ele concluiu: “Se precisar, iremos às ruas, não para manter o povo dentro de casa, mas para restabelecer todo o artigo 5.º da Constituição. E se eu decretar isso, vai ser cumprido esse decreto.” Bolsonaro criticou as medidas de isolamento social decretadas pelos governos locais, que, segundo o presidente, estariam descumprindo a Constituição.

Destaques

Militares reclamam de fala de Bolsonaro - Menos de um mês após a maior crise militar desde 1977 no país, Jair Bolsonaro voltou a incomodar altos oficiais das Forças Armadas com o que consideram uma bravata: o uso do Exército contra as medidas de restrição para combater a Covid-19. Durante sua visita a Manaus na sexta (23), o presidente disse à TV A Crítica que "nossas Forças Armadas podem ir para rua um dia sim (...) para fazer cumprir o artigo 5º [da Constituição]: o direito de ir e vir, acabar com essa covardia de toque de recolher, direito ao trabalho, liberdade religiosa". Para membros da cúpula militar ouvidos nesta manhã de sábado (24) pela Folha, Bolsonaro confunde conceitos e usa sua posição de comandante-em-chefe da Forças Armadas de forma política, para pressionar adversários como os governadores João Doria (PSDB-SP) e Rui Costa (PT-BA). O presidente, que já causara contrariedade anteriormente entre oficiais-generais ao insinuar que "o meu Exército" iria combater as restrições, desta vez foi mais detalhista ao desenhar o que pretende fazer. "Nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se precisar iremos para a rua não para manter o povo dentro de casa, mas para reestabelecer todo o artigo 5º da Constituição. E se eu decretar isso, vai ser cumprido", num trecho observado por um almirante como tentativa de asseverar autoridade.

Temer diz que antecipação do debate eleitoral prejudica o País - O ex-presidente Michel Temer afirmou à Coluna que antecipar as discussões eleitorais para este ano é precipitar um debate inapropriado por causa da crise sanitária e econômica sem precedentes que o País atravessa. “É uma impropriedade discutir 2022 em 2021. Inadequado politicamente e civicamente. Porque já temos um problema muito sério, que é combater a pandemia e recuperar a economia. É muito cedo”, disse. Segundo ele, o seu sempre cortejado MDB, “se tomar qualquer decisão (sobre apoios e candidatos), será no ano que vem, não agora”. Temer acredita não ser “improvável” o surgimento de uma terceira via. Como mostrou a colunista Sonia Racy, do Estadão, aliados dele querem resgatar o legado de seu governo de olho em 2022. “Para ser sincero, não estou disposto. Já fui presidente da República e sei que as pessoas falam muito nisso, pela experiência exitosa que tivemos, mas é uma coisa que não me passa pela cabeça”. Temer evitou falar em nomes, mas, a respeito do perfil de um eventual candidato de centro, citou um “memezinho” que viu por aí: “Dizia assim: procura-se por um Michel Temer. Recompensa: Estado organizado, tranquilo, etc. Acho que precisa ser alguém assim”. Sobre o momento, Temer diz: “Lamentavelmente, aquela disputa entre economia e a vida, os dois são importantes, mas a vida vai embora e não volta. Economia se recupera”. Na conversa com a Coluna, o ex-presidente foi elogioso à mudança de tom de Bolsonaro a respeito do meio ambiente e das vacinas: “Valeu a ele ter mudado o discurso, foi muito positivo em relação ao meio ambiente. Como é importante essa história de comprar as vacinas.”

Ministério da Saúde recebe primeiros protocolos para tratamento da Covid - O ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, recebeu durante a semana os primeiros protocolos de uma série de até seis que está sendo elaborada por núcleo técnico comandado pelo médico Carlos Roberto de Carvalho, professor da Universidade de São Paulo. Esses primeiros protocolos tratam do uso racional de oxigênio e da utilização de drogas sedativas, relaxantes neuromusculares e anestésicos na intubação, problemas que estão no cerne do momento crítico da pandemia no Brasil. Os protocolos têm a função de oferecer diretrizes uniformes para o tratamento da Covid-19 no país, potencializando as chances de cura. O protocolo do uso racional de oxigênio tem como objetivo reduzir o desperdício do artigo em escassez no país e mira problemas como vazamentos e aparelhos desregulados. Além disso, define parâmetros para que os pacientes sejam oxigenados com segurança, mas também sem excesso. O protocolo da intubação define drogas preferenciais para realizar o procedimento em uma sequência rápida, com orientações sobre técnicas e medicamentos. Ele apresenta linhas de medicamentos: os mais indicados e os possíveis substitutos em caso de indisponibilidade. A elaboração dos protocolos tem sido feita a partir de colaboração com sociedades médicas, agregando orientações já sugeridas por elas. O cronograma de implantação dos protocolos será decidido pelo ministro e a expectativa é de que aconteça em breve.

Casa Civil manda ministérios informar quais ações tomaram contra a Covid - Com a CPI da Covid prestes a ser instalada, a Casa Civil ordenou que todos os ministérios enviem uma lista das ações implementadas em cada pasta para o enfrentamento da pandemia. O órgão quer receber informações de qualquer medida que tenha sido adotada no contexto de combate ao coronavírus, de esforços para a obtenção de vacinas e insumos à aquisição de equipamentos de proteção.

Lewandowski autoriza acesso de Renan - O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberou o acesso para a defesa do senador Renan Calheiros (MDB-AL) a mensagens de integrantes da Operação Lava Jato que vazaram há dois anos. O material foi apreendido na Operação Spoofing em 2019 com hackers denunciados pela invasão de celulares de autoridades como o ex-ministro Sergio Moro e procuradores do Ministério Público Federal. Segundo a decisão de Lewandowski, Renan terá acesso apenas às mensagens com referências a ele. A decisão é do último dia 9 de abril. Renan é citado em acordos de delação premiada promovidos pela Lava Jato com investigados. Ele é apontado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. Renan, que foi padrinho político de Machado, nega e diz que se trata de perseguição da Lava Jato contra ele. Segundo o UOL apurou, no entendimento de Lewandowski, a troca de mensagens entre os procuradores e Moro apontam indícios que corroboram o argumento de Renan. O senador emedebista é o segundo alvo da Lava Jato a ter acesso às conversas, depois do ex-presidente Lula. O petista obteve as conversas no final de dezembro do ano passado, e a decisão foi confirmada pela Segunda Turma do Supremo em fevereiro.

Ernesto vira mártir da direita e é estimulado a se candidatar - Nos pouco mais de dois anos em que esteve à frente do Itamaraty, Ernesto Araújo fez da oposição ao “globalismo” uma de suas marcas. Nas primeiras semanas depois de deixar o cargo, em 29 de março, agregou outro termo à sua lista de alvos: o “multilateralismo mágico”. “O multilateralismo mágico é onde se diz ‘multilateralismo’ e pronto. Esse jogo não joguei”, escreveu em sua conta no Twitter, que recentemente passou de 800 mil seguidores. Já é mais popular que a de ex-colegas de governo como Onyx Lorenzoni (796 mil), Marcos Pontes (494 mil) e Ricardo Salles (461 mil). A postagem recebeu diversos elogios de apoiadores, muitos expressando inconformismo com a saída de Ernesto do cargo, o que mostra sua crescente popularidade na base conservadora. Desde que retornou à planície do Itamaraty, após um longo processo de desgaste interno e com a opinião pública, Ernesto deu sinais de que não pretende desperdiçar o capital político que adquiriu junto à direita bolsonarista. Passou a usar o Twitter para se defender das acusações de que teria negligenciado a compra de vacinas contra a Covid-19, principal fator que levou à sua queda. “Nunca houve uma crise de vacinas. A política externa que conduzi jamais acarretou problemas à vacinação. O que houve foi a armação de uma falsa narrativa, como parte da tentativa de extinguir a chama transformadora e popular do governo e retirar o Ministério das Relações Exteriores desse projeto”, escreveu ele, em 17 de abril. Ernesto também retomou seu blog pessoal, o “Metapolítica”, em que escrevia posts que o cacifaram, em 2018, para ser escolhido chanceler. Em 10 de abril, publicou uma longa defesa de sua gestão. Procurado pela Folha para falar sobre sua militância conservadora e possível candidatura, o ex-ministro não respondeu ao pedido de entrevista. Ernesto está de férias até 30 de abril, lotado na Secretaria de Gestão Administrativa do Itamaraty, um posto burocrático e visto como transitório, até que o governo encontre um local adequado para ele no exterior. Uma alternativa é o posto de representante brasileiro junto à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o clube dos países ricos, em Paris, cargo que não necessita de confirmação pelo Senado, Casa na qual o ex-ministro coleciona vários desafetos. Segundo a legislação, Ernesto terá de se licenciar da carreira caso se candidate a cargo eletivo.

Bolsonaro visita a Ceilândia e ao Sol Nascente - Ignorando as recomendações sanitárias contra o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro provocou aglomeração ao visitar Ceilândia e Sol Nascente, regiões administrativas do Distrito Federal, na manhã de ontem. Sem máscara, posou para fotos e vídeos, entrou nas casas de alguns moradores e ainda visitou a Feira de Ceilândia, cidade que tem os maiores números de mortos e infectados por covid-19 no DF. O compromisso não constava na agenda oficial de Bolsonaro. Ele estava acompanhado da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. Nas redes sociais, ela postou algumas imagens do passeio. Depois da visita às cidades, o presidente almoçou com a ministra e o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda. O novo episódio de desrespeito de Bolsonaro às medidas de prevenção à covid-19 ocorreu um dia após ele ameaçar acionar as Forças Armadas para proibir que estados e municípios adotem políticas de isolamento social como forma de evitar a proliferação da pandemia.

Pazuello, só depois de receber informações - Quem tem experiência com comissões parlamentares de inquérito já avisou aos integrantes da CPI da Covid que o ex-ministro Eduardo Pazuello não pode ser convocado logo nos primeiros dias. Antes, a comissão precisa ter um cenário seguro do cronograma das vacinas, fazer uma "sessão de cinema" com os vídeos e declarações sobre o tema, coletar documentos e, também, ouvir os fabricantes. O roteiro dos trabalhos, aliás, é considerado crucial pelo futuro relator, Renan Calheiros (MDB-AL). O governo, por sua vez, monta a própria estratégia focado na perspectiva de virar o canhão da CPI para os governadores, mas não tem hoje maioria para essa guinada. Até aqui, quase todas as ações do governo só levaram à aproximação dos independentes à oposição.

Tasso e Ciro - No Ceará, é voz corrente entre os amigos do senador Tasso Jereissati (PSDB) que, se o ex-governador e ex-deputado Ciro Gomes abrir mão da candidatura para apoiar o tucano, todos os postulantes de centro o acompanharão. Quem abriu esse caminho foi o ex-deputado Eduardo Jorge, que disputou a Presidência da República pelo PV, conforme registrou esta coluna em 14 de abril, na nota "Biden brasileiro". O presidente do partido, Bruno Araújo, reforçou a hipótese da candidatura, mas o problema é que o PSDB não se uniu em torno de Tasso, uma vez que o governador de São Paulo, João Doria, disputará a prévia. Sem união em casa, não tem conversa com outros partidos. A resposta de Ciro Gomes até o momento foi tentar empinar a própria candidatura, com a contratação do marqueteiro João Santana para cuidar da pré-campanha. Alguns consideram que esse movimento levou o pedetista a "queimar a largada". A leitura foi a de que Ciro só aceitará qualquer aliança se estiver na cabeça de chapa. Posição idêntica à do PT de Lula.

Tasso admite que pode disputar as prévias do PSDB - Em busca de ser o “Biden brasileiro”, o senador Tasso Jereissati (CE) disse que pode participar de prévias para a escolha do candidato do PSDB à Presidência e ser alternativa à polarização. Pela primeira vez desde que foi incentivado a entrar na disputa de 2022, o senador Tasso Jereissati (CE) admitiu participar de prévias do PSDB para a escolha do candidato à Presidência e construir uma terceira via, diante da polarização entre a esquerda e a extrema-direita. “Se meu nome servir para unir, em algum momento, vamos trabalhar nessa direção”, disse o senador ao Estadão. Integrante da CPI da Covid, Tasso gostou de ser chamado de “Biden brasileiro” por um grupo do PSDB que se refere a ele como o único político capaz de agregar forças no campo de centro. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden, de 78 anos, teve esse papel. “Vejo nele um cara que está mudando a história do mundo”, afirmou o tucano, que tem 72 anos. As prévias do PSDB estão marcadas para outubro, mas Tasso acha melhor adiá-las para 2022. “Ainda tem muita água para rolar debaixo da ponte”, previu. Até hoje, o PSDB tinha três pré-candidatos à sucessão de Jair Bolsonaro: os governadores João Doria (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), além do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. Agora Tasso, ex-governador do Ceará, também entrou no páreo.