Garimpo, Covid e ataques: povo Yanomami vive sob tensão e violênciaGarimpo, Covid e ataques: povo Yanomami vive sob tensão e violência

Em maio de 1992, durante o mandato do ex-presidente Fernando Collor, a terra indígena foi homologada. Invasões, contudo, voltaram a ocorrer

Garimpo, Covid e ataques: povo Yanomami vive sob tensão e violênciaGarimpo, Covid e ataques: povo Yanomami vive sob tensão e violência

 

Brasil

Garimpo, Covid e ataques: povo Yanomami vive sob tensão e violência

Em maio de 1992, durante o mandato do ex-presidente Fernando Collor, a terra indígena foi homologada. Invasões, contudo, voltaram a ocorrer

Otávio Augusto

atualizado 06/06/2021 15:53

Garimpo, Covid e ataques: povo Yanomami vive sob tensão e violênciaHutukara Associação Yanomami/Divulgação

Vinte e nove anos depois de encerrar um período dramático, o povo indígena Yanomami volta a conviver com a pressão de invasões, violência e o garimpo.

Em 25 de maio de 1992, durante o mandato do então presidente Fernando Collor, a terra indígena foi homologada. O reconhecimento se arrastava há décadas.

Seria, na teoria, o fim de um período de mortes por epidemias, de conflitos pela abertura da BR-210 e das invasões garimpeiras.

Não foi. Ao longo do tempo, as investidas continuaram, e, a partir de 2020, voltaram a crescer de forma que ameaça a vida no território indígena.

“Esse reflexo se dá pelo enfraquecimento da política indigenista nacional. Uma série de fatores se somam e acabam ocasionando conflitos. Há um avanço de políticas que estão sendo discutidas que tentam flexibilizar a extração de minerais em terras indígenas”, reclama Dinaman Tuxá, integrante do Conselho Nacional de Direitos Humanos.

Segundo Tuxá, houve um desmonte nos mecanismos que protegem os indígenas. “Estamos preocupados, porque não estamos vendo uma ação incisiva do Estado para combater. Sem sombra de dúvidas, é o pior momento desde a redemocratização. Funai [Fundação Nacional do Índio] e Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena] passaram por um processo de enfraquecimento e de reorientação de como agir”, completa.

Neste mês, indígenas da comunidade Palimiú foram atacados com tiros e bombas de gás. Lideranças Yanomami confirmaram que duas crianças, uma de 1 ano e outra de 5 anos, morreram afogadas durante a investida de garimpeiros. Cinco pessoas ficaram feridas.

Calcula-se que mais de 20 mil garimpeiros estejam neste momento dentro da Terra Indígena Yanomami (TIY). A tensão aumentou desde 2020.

É a maior reserva indígena do país, com 9,6 milhões de hectares entre os estados de Roraima e Amazonas, onde vivem mais de 27 mil indígenas espalhados em 330 comunidades.