A ESTRATÉGIA DO PRESIDENTE BOLSONARO PARA CHEGAR AO FIM DO MANDATO

O presidente Jair Bolsonaro recebeu um conselho de um velho amigo no último domingo: renuncie.

A ESTRATÉGIA DO PRESIDENTE BOLSONARO PARA CHEGAR AO FIM DO MANDATO

O Presidente Bolsonaro respondeu que quer ir até o fim, mas o episódio mostra como ele está acuado — especialmente depois da prisão de Fabrício Queiroz na casa do ex-advogado do clã presidencial, Frederick Wassef.

A estratégia de presidente para chegar ao fim do mandato incluiu uma guinada na forma de fazer política por parte do ocupante do Palácio do Planalto — a estratégia está detalhada em reportagem exclusiva da Crusoé:

O plano de sobrevivência se apoia em três pontos: conceder mais cargos (e, portanto, mais verbas) ao Centrão, reduzir o radicalismo do governo e manter o apoio da ala militar.

Tudo isso, é claro, tem um preço para o belicoso Presidente  Bolsonaro.

Para por em prática o plano, algumas cabeças já começaram a ser cortadas, como a de Abraham Weintraub, agora ex-ministro da Educação.

Leia um trecho da reportagem exclusiva:

A prisão de Queiroz na casa de Frederick Wassef, aquele que diz ser advogado do presidente e é habitué dos palácios do Planalto e da Alvorada, fez Bolsonaro “baixar a bola”, para usar uma expressão já utilizada pelo vice Hamilton Mourão para se referir ao STF. Aconselhado por auxiliares a submergir, o presidente tem cumprido a orientação à risca. Nos últimos dias, evitou emitir declarações polêmicas e procurou atuar mais nos bastidores do que à luz do sol, a fim de preservar o governo e o próprio mandato. Quando se pronunciou, foi sempre num tom apaziguador. Na noite desta quinta-feira, até fez durante uma live algo que não havia feito até aqui: uma homenagem às vítimas da pandemia de coronavírus. Assessores sustentam que esse pode até ser um figurino que não orna com o velho Bolsonaro de guerra, mas é o traje mais apropriado ao momento…

A nova aproximação com a Suprema Corte começou a ser costurada no dia seguinte à prisão de Queiroz. A tarefa coube aos ministros André Mendonça, da Justiça, Jorge de Oliveira, da Secretaria-Geral, e José Levi do Amaral, da Advocacia-Geral da União. Depois de o presidente acertar a demissão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, uma cobrança antiga do Supremo, o trio participou de uma conversa na casa do ministro Alexandre de Moraes em São Paulo…

Em outra frente, o governo escalou o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Ramos, para tentar serenar os ânimos nos quartéis. A caserna já se mostrava incomodada com o movimento, inflado pela presença presidencial, que defendia intervenção militar. Também temia por ranhuras à própria imagem, que desde o fim da ditadura vem sendo reconstruída com muito esforço. A gota d’água foi o ressurgimento, com força, da trama em torno do notório Queiroz. Generais da ativa afirmam que a prisão do amigo do presidente e ex-assessor de Flávio Bolsonaro acentuou o desconforto com a renitente associação do governo ao Exército…

Outra cobrança dos militares é para que o presidente arrume um jeito de se livrar de Frederick Wassef. A turma verde-oliva teme a prisão de Wassef, caso sejam identificados indícios de crime na sua relação com Queiroz. Por isso, pressiona por uma solução…

Na política, a prisão de Queiroz produziu uma inflexão. Embora não tenha alterado a dinâmica de nomeações para partidos do Centrão em cargos do Executivo, o presidente decidiu ampliar a oferta de benesses a siglas menores. Para se proteger de um eventual processo de impeachment, no mesmo dia em que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi detido, o presidente promoveu um almoço com deputados e anunciou que iria fazer encontros mais frequentes com integrantes do Congresso. Na quarta-feira, 25, Bolsonaro recebeu para um café da manhã integrantes da bancada do PSC – 9 deputados e um senador. Por enquanto, os parlamentares se contentaram apenas com quitutes, suco e café, mas nos próximos dias terão uma reunião com o ministro Ramos para discutir o que interessa: cargos. Na avaliação do deputado Paulo Eduardo Martins, do PSC paranaense, chegou a hora de Presidente Bolsonaro “dar carinho a um velho amigo”…