260 mil mortos: o campo de extermínio de Jair Bolsonaro

A culpa dos quase 260 mil mortos por Covid-19 no Brasil, disse Bolsonaro, na quarta-feira (03/03), não é dele.

260 mil mortos: o campo de extermínio de Jair Bolsonaro

260 mil mortos: o campo de extermínio de Jair Bolsonaro

 Por   Publicado em 3 de março de 2021

Cemitério público em Manaus (foto: Bruno Kelly/Amazônia Real)

A culpa dos quase 260 mil mortos por Covid-19 no Brasil, disse Bolsonaro, na quarta-feira (03/03), não é dele.

Criaram o pânico. O problema está aí, lamentamos, mas você não pode viver em pânico. Que nem a política, de novo, do ‘fique em casa’. O pessoal vai morrer de fome, de depressão?”, disse ele, na entrada (ou saída) do Palácio da Alvorada.

Ele é – e tem sido – contra qualquer medida de combate à Covid-19.

Vacinas, máscaras, distanciamento social, monitoramento, rastreio de infectados e simples proibição de aglomerações.

Qual a medida contra a pandemia que Bolsonaro não foi contra ou não tenha sabotado?

No lugar dela, tem pregado a cloroquina e outras substâncias que são, no caso da Covid-19, mero charlatanismo, beberagens que somente agravam a epidemia (e as mortes pela epidemia), desviando recursos públicos, monetários, humanos e institucionais.

O Ministério da Saúde, enquanto tal, deixou de existir, em meio à maior emergência sanitária, em mais de um século, no Brasil e no mundo.

Entretanto, diz Bolsonaro, nada disso é sua culpa. Nem de que não haja vacinas, nem de que a transmissão da doença esteja sem freios, nem de que, devido à multiplicação de casos, tenham se desenvolvido outras variantes, outras mutações, provavelmente mais letais.

Tudo é culpa de quem quer combater a Covid-19, esses que, segundo Bolsonaro, “criaram pânico”, pois advertiram sobre o perigo que o país – e o mundo – está passando. A culpa, em suma, é de quem quis desenvolver um plano de vacinação e estabelecer outras medidas para conter a pandemia até encerrá-la.

No dia em que o Brasil registrou mais um recorde em mortes por Covid-19, Bolsonaro estava atolado em um leitão à pururuca, na casa de um deputado amigo que lhe oferecia um banquete.

Foi na terça-feira (02/03), quando 1.726 mortes de brasileiros, atingidos pelo coronavírus, foram noticiadas pelos serviços de saúde.

No dia seguinte, na porta do Alvorada, ele acusou os que “criaram pânico” pelos 260 mil mortos (segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 257 mil e 361 mortos até às 18 horas do último dia 2).

Bolsonaro, também no Alvorada, mentiu sobre a vacinação no Brasil. É mentira que o Brasil é o país que mais tem vacinado a população. Levando em conta a população, o Brasil é, atualmente, o 17º país do mundo em vacinação contra a Covid-19. Em termos absolutos – o que, aliás, tem pouco significado – é o quarto quanto à primeira dose (v. Our World in Data, 02/03/2021).

E sempre é bom lembrar: a maior parte da vacinação, até agora, foi devida ao convênio do Instituto Butantan com a empresa chinesa Sinovac, que produz a vacina Coronavac, aquela que Bolsonaro disse que jamais compraria para o Ministério da Saúde, nem que a Anvisa a aprovasse.

Mas é claro que sua coragem é igual à sua moral: não existe. Logo, não pode haver coragem moral nesse elemento. Portanto, fingir que compra vacinas, contra o que disse antes, quando está sabotando a compra de vacinas, é algo tão banal para ele quando acusar os outros pelos milhares de mortos que estão na sua folha corrida – ao mesmo tempo que continua matando em massa.

Enquanto isso, por absoluta responsabilidade desse mentiroso sem escrúpulos e seus asseclas, o país entrava em colapso – os governadores e prefeitos tentavam transferir pacientes, mas até mesmo os serviços funerários ameaçavam, em várias localidades, colapsar.

Nada dessa realidade tem a ver com “pânico”. Afinal, é preciso saber qual é a realidade, para que ela possa ser enfrentada e superada.

Não, pelo contrário, essa realidade tem a ver com os crimes de Bolsonaro.

Que, como disse o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), necessitam ser investigados – e punidos.

C.L.

P.S.: Às 18h do dia 3, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) informou que fora batido mais um recorde de mortes em 24h: 1.910 mortos.